A santa guerra teológica, o choque das gerações - Parte 2
- Cláudio Santos
- 11 de jun. de 2024
- 16 min de leitura
Atualizado: 4 de jan.
Continuação - A segunda e a terceira onda evangélica e o choque das gerações cristãs
A segunda onda disruptiva (anos 2010 a 2020 aproximadamente)
Como vimos no artigo anterior, as igrejas da segunda e terceiras ondas, quebrou diversos tabus considerados intocáveis pelas denominações antigas, as quais eram as guardiães do velho modelo judaico como a tradição dos altares, templos, sacerdotes, levitas, dízimos e outras velhas tradições que se misturaram ao evangelho, o novo modelo.
Numa segunda onda, dentre o primeiro grupo disruptivo sairia um outro grupo mais alternativo ainda, a onda das "new churchs" e as "black churchs" (novas igrejas ou igrejas de preto), uma atração estratégica que seduziria os mais jovens, aquela geração hipster (diferentes socialmente como tatuados, hipies, etc), notadamente influenciados pela wave da jovem igreja australiana conhecida como Hill Song Church, por exemplo, um movimento muito focado em música lírica e evangelismo urbano, mas que lhes oferecia uma nova alternativa de convívio, diante das heresias as quais o grupo dissidente estava praticando no movimento apostólico anterior. Nesse tempo eu já estava passando dos meus 50 anos de idade, vendo muitos jovens chegarem como algo renovador e encorajador, onde eu via alguns que estavam chegando agora, mas que erravam nos exageros de suas vaidades proféticas e outros acertando pela singeleza e pela humildade de seus corações, foi nesse grupo que eu consegui unir forças para o trabalho de lateralidade e até mesmo de aconselhamentos ministeriais. Foi exatamente bem aqui, neste momento da história da igreja que o Pai me tirou de minha cidade raiz em Manaus- Amazonas-Brasil para morar em outras cidades do país. Foi quando passei a experimentar coisas novas no mundo missionário, então me formei num seminário teológico de Brasília que preparava e enviava jovens para missões. Foi aí também, que o Pai me tornou um colunista bíblico de vários jornais cristãos no país. Sem estrelismo, e apenas como um mero anônimo e potencial improvável persona, passei a ensinar e a pregar em várias igrejas e regiões do país e até fiz parte de uma produção de um filme cristão para o cinema.
Em Recife a Missão Escola do Reino teve uma base física que durou cerca de dois anos, onde muitos jovens estudaram, se formaram e foram trabalhar para a multiplicação do evangelho descontaminados da mera vida religiosa que levavam e cuja mensagem as pessoas não cristãs já não acreditavam mais! Foi também nessa mesma temporada que eu escrevi o meu primeiro livro: “A Restauração da Mente Cristã, de uma Mente Religiosa para a Mente de Cristo”. Esta obra tem sido lida em vários lugares do mundo para a glória de Deus. A música já não mais tomava todo o meu tempo como antes. Era apenas o começo de algo novo em minha jornada.
A pandemia de vírus covid, o terror do século
No meio desta segunda onda, ou seja, perto de 2019, algo inusitado aconteceu. A pandemia covid que alegam haver começado numa sopa de morcego na China, mas que o mundo inteiro ainda não engoliu tal narrativa, chegou para causar terror, medo e pânico ao mundo inteiro. Não era mais possível reunir pessoas em ambientes fechados por risco de contaminação com o vírus mortal. Sendo assim, a forma que a igreja encontrou para reunir os seus participantes foi o modo on line. Apesar de tudo, era algo que eu já estava praticando desde 2025, ao reunir alguns poucos alunos da Escola do Reino, via redes sociais, inclusive whatsap, mas que o mundo religioso zombava de mim porque essa era uma metodologia de ensino considerada ineficiente e fora dos modos tradicionais de sempre. Pois é, mais uma vez a história os convenceu de seus atrasos mentais em relação ao poder da comunicação. Pois é, mais uma vez a história os convenceu de seus atrasos mentais. Nesse período todas as igrejas do mundo passaram a se reunir on line também. Essa era a única alternativa para a sobrevivência da igreja: render-se ao sistema tecnológico dos quais tinham medo, preconceito ou mesmo ignorância do poder de seu alcance. Como vimos era apenas um paradigma inocente ou vaidoso como sempre, afinal manter a tradição sem precisar da tecnologia era um orgulho religioso.
Nesta segunda onda disruptiva com o caos advindo da pandemia, muitas vidas foram resgatadas, sobretudo de jovens cristãos de classes médias que estavam fora da igreja. Milhares de vida, contudo foram ceifadas pelo vírus sem ao menos conhecer o evangelho. Sem culpa, essa onda alternativa tomou os bares e boates de suas cidades e ali mesmo resgatavam vidas para Cristo.
Essa onda chegou embalada por uma nova sugestão de música também, porém, uma música de estilo mais lírico, mais romanticamente europeia e diferente do som brasileiro. Com certeza de novo uma revolução musical estava acontecendo. Essa nova onda romperia quase que totalmente com a dança em seus cultos e passaria a se dedicar mais às quebras de paradigmas teológicas, e velhos tabus, aliás nos mais sensíveis tabus da tradição religiosa como dízimos, templos, altares, sacerdócio, levitas e outras coisas judaizantes, porém sem culpa sobre o que o Espírito Santo estava falando às igrejas. Esses novo líderes estavam mais focados no ensino e nas profecias do que em suas megas estruturas políticas e prediais. Ufa! Eu já não mais me sentia um cristão extraterrestre, nem mais um herege ou um rebelde, nem desigrejado, e parecia haver encontrado a minha turma! Mas esse novo modelo teológico também encontrou sérios problemas pelo caminho e alguns, como já falei, se perderam em suas “vaidades proféticas”. O ego logo os derrotou na caminhada e vagaram pelas corridas atrás do vento em busca de um ministério fast food pela velha armadilha do empoderamento das tietagens de suas marcas e patentes. Bem triste.
Porém, para os que continuaram tentando mais acertar do que envaidecer, esse movimento também serviu para reestudar, compreender e exercer biblicamente um modelo diferente de gerações anteriores como o modelo meramente pastoral ou apostólico, mas fundamentados em Efésios 4, onde viram que o Evangelho também era provido de outros ministérios de edificação para a igreja, ou seja, os profetas, evangelistas e mestres, passaram a servir e a edificar a igreja com esses carismas mais diversificados dentro do corpo de Cristo.
Essa geração cristã chegou devagar, com muita simplicidade em seus cultos, sem muito apego ao luxo e com uma proposta de revisão e reconstrução dos estudos bíblicos e das correntes teológicas anteriores. Um movimento da igreja mais dedicado e aplicado ao ensino sobre a “orfandade espiritual", "paternidade" e a "identidade espiritual". Dali surgiriam novos profetas, novos evangelistas e novos mestres, novos músicos e novas músicas também, mudando, sem culpa, vários entendimentos teológicos considerados intocáveis na igreja como o entendimento do verdadeiro templo, o judaico, o verdadeiro conceito de dízimo, um verdadeiro ensino sobre a heresia da hierarquia (cobertura espiritual) e da escatologia, dentre outros tabus menores, porém, altamente sensíveis ao sistema religioso mais conservador. Foi essa geração que bradou e pagou caro por uma repetição do que disse Estevão em Atos. Eles reafirmaram e continuam reafirmando o que diz o evangelho: “Jesus não tem templos, nem dízimos”. Tocaram na maior ferida da igreja moderna, causando uma das maiores guerras teológicas de todos os tempos! E quer saber? Eu concordo plenamente com esse brado sem pestanejar! Apesar de seus acertos teológicos, uma terceira onda da história da igreja brasileira estava por vir para confrontar as ondas anteriores.
A terceira onda da história da igreja brasileira nos últimos cinquenta anos, seria um forte duelo contra os irmãos da primeira e da segunda ondas espirituais. Trata-se de uma guerra de gerações e seus choques culturais e religiosos dos mais diversos níveis de debates teológicos no movimento evangélico. O avivamento fluiu, mas o conservadorismo continua resistente e vivo em sua proposta. O debate é cada vez mais crescente com o advento da internet e das redes sociais. Todos os lados apostam numa coisa que eles chamam de "verdade", porém, o sábio Salomão, já nos avisara antes: tudo é "vaidade". (Ec. 1:2; 12:8). A igreja precisa mesmo é de arrependimento por não enxergar as vaidades que são praticadas nessa guerra de gerações!
Esta segunda onda quebrou diversos tabus considerados intocáveis pelas denominações antigas, as quais eram as guardiães do velho modelo judaico como a tradição dos os altares, templos, sacerdotes, levitas, dízimos e outras velhas tradições que se misturaram ao evangelho, o novo modelo.
O modelo antigo da igreja brasileira fora baseado em apenas três pilares: pastor, ovelha e templo. Esses pilares, porém, foram reformados pela geração da "primeira onda", a qual desempoderou a figura e o sistema pastoral único, e introduziu as figuras hierárquicas de apóstolos e bispos, uma vez que considerava o modelo pastoral antiquado e centralizador. Essa onda, portanto, era evolutiva e progressista, pois adotou novas músicas, ritmos e danças em seus cultos considerados por eles como mais liberais em seus modos de se expressarem em suas reuniões.
A terceira onda disruptiva (anos 2020 até hoje, 2025).
Essa é uma terceira onda de transformações teológicas e comportamentais da igreja evangélica brasileira, a igreja da terceira onda.
Lembre-se da segunda onda, a qual descobriu que no evangelho Jesus não deu ênfase em templos e dízimos e músicas e outros rituais, e, sim, às pessoas, sobretudo as mais vulneráveis e necessitadas de atenção pela sociedade? Então, essa nova liderança passou dar ênfase nas músicas e no movimento profético. Infelizmente, essa corrente de igreja cometia alguns erros teológicos graves naquilo que eles adotavam de mais forte em suas doutrinas, a música que romantizava o evangelho almático.
Mas, o que é o evangelho almático? A parte frágil, a música, que nem é tão prioridade para o contexto bíblico acerca dos ensinamentos de Jesus sobre o evangelho, foi algo que funcionou no início por causa do seu forte apelo emocional, mas como sempre, as emoções passam e, aí sem renovação espiritual, essas igrejas da segunda onda vem sendo refutadas pelas igrejas tradicionais, as templárias, que voltaram a ganhar força dada a fragilidade daqueles que a refutavam e continuam a refutar doutrinariamente, gerando uma guerra teológica sem igual na história da igreja brasileira. Um choque de gerações. A segunda onda teológica do cristianismo corrente confrontou as elites teológicas da primeira onda, o movimento de células e coachs, mas também passou a lutar em outra frente de guerra teológica, a frente nostálgica, uma vez que os movimentos tradicionais renasceram das cinzas para lutar contra todos os que tentaram tirá-la do mapa religioso.
De um lado jovens de uma igreja nova, uma nova geração de líderes jovens e estudiosos, mais preparados teologicamente, mas lutando contra um sistema religioso cansado e quase sem forças, porém, fortemente aparelhada dada a sua força historicamente organizada, a tradicional, os agentes da terceira onda religiosa que passarei a destacar.
O choque de gerações ocorridos na terceira onda religiosa da igreja
A terceira onda é um movimento de contra-ataque na guerra teológica e que tem levado choques espirituais e emocionais sem precedentes. Nessa batalha entre irmãos, muitos jovens dentre estes pessoas altamente preparadas na fé, biblicamente maduras e experimentadas nos processos espirituais passaram a não participar de nenhum dos lados, preferindo a omissão, o desigrejamento, afinal, não confiam nos discipulados ou pastoreios confusos, então, saíram acertadamente desse ambientes em busca de novas congregações ou ficando em casa embora fossem chamados de “desigrejados” pelas congregações de pastoreios confusos e embora não tivessem saído do evangelho, algo que mais importa. Porém, como vítimas dessa guerra, estes sofrem as consequências que dela surgiram, sendo a principal delas o preconceito religioso sofrido na terceira onda evangélica. O preconceito religioso é uma das principais características dessa guerra religiosa em todas as ondas evangélicas ocorridas nos últimos 50 anos de história da igreja brasileira, limitando e constrangendo as pessoas que transitam ou migram de uma igreja para outra. Nessa migração os cristãos considerados novatos, em fase de acolhimento em outras igrejas, ainda que experimentados na fé e com vida em santidade, precisam ser considerados antecipadamente como "calouros", "feridos", "impuros", "inabilitados" ou "não vocacionados" ou "não santos", afinal são "novatos" na nova igreja que tentam participar, seguindo o curso natural de acolhimento cultural em qualquer instituição e não mais o acolhimento ensinado por Jesus e seus apóstolos.
Os constrangimentos dos novos membros nessa guerra religiosa
Ao menos os três lados dessa guerra religiosa evangélica atual dão essas "sentenças" às famílias novatas nas novas congregações ao recebê-las, gerando grandes constrangimentos pessoais, a partir de um conceito prévio coletivo e subjetivo do acolhimento dessas pessoas. Subjetivo é tudo aquilo que os seres humanos podem chamar de um julgamento aleatório, pessoal, ideológico ou religioso e meramente humano que os dois lados consideram como uma ferramenta religiosa chamada de "processo religioso (ou espiritual segundo os agentes da terceira onda evangélica)".
A rigor, processo, na linguagem evangélica contemporânea significa "isolamento" técnico do grupo até que as famílias novatas sejam consideradas aceitas pelo grupo novo. Nas penitenciárias isso é chamado de "solitária". É um sistema de "boas-vindas", na qual se julga antecipadamente que a família que migra de uma igreja para outra deva ser submetida a um sistema de quarentena obrigatória, a fim de se achar puritana diante dos olhos subjetivos dos seus novos irmãos, que sentenciarão à base de seus pontos de vistas e critérios religiosos da instituição. Se as famílias ou o indivíduo a ser recebido tem ou não a tal de "vida com deus" ou a tal "santidade subjetiva", isso é o que determina ou não a necessidade de "purificação" pela nova comunidade, uma vez que o pressuposto é que qualquer cristão novato seja considerado primeiramente "impuro" ou "ferido" ou "em pecado", como se o problema fosse o cristão e não as heresias de onde fogem. Contudo, tanto o processo religioso, quanto o pressuposto subjetivo não encontram fundamento bíblico nos evangelhos, pois quem faz a purificação não é nosso sangue, é o sangue de Cristo. Quem libera a cura não é a igreja, é o Espírito Santo. Seria a igreja a quarta pessoa da trindade?
Nesse sentido, e ao mesmo tempo seguindo nessa lógica, apenas os mais antigos na igreja seriam considerados "santos" e "puros", enquanto os novatos seriam os próximos "escolhidos" pela igreja e reconhecidos pelo grupo como "santos", caso passassem no teste do processo subjetivo de purificação estabelecido criteriosamente pelo grupo, independentemente do evangelho, que diz não fazer acepção de pessoas. Uma separação que não se identifica em nenhum dos ensinamento de Jesus, nem dos apóstolos da Bíblia.
Nessa terceira onda a coisa é realmente confusa nessa guerra, e daí a explicação para tantas pessoas não estarem mais participando de igrejas, preferindo ficar em suas casas, mesmo que sejam pejorativamente tachadas de desigrejadas por seus irmãos na fé, e que, a propósito, também são desigrejados dentro de quatro paredes, uma vez que segundo o evangelho, igreja não é um lugar, é uma comunhão com um único propósito apostólico. A partir do contexto bíblico, observa-se a característica de uma "visão pedriana”, a separatista na qual o judeu Pedro teve, mas foi revelado pelo Espírito Santo que deveria ser liberto.
"E a voz tornou a dizer-lhe: “Não consideres impuro o que Deus tornou limpo!” A mesma visão se repetiu três vezes, até que o pano foi de novo puxado para o céu." (Atos 10:15-16).
Pedro estava sendo alertado por Deus a não fazer acepção de pessoas não judias. Naquele tempo os judeus não se misturavam aos samaritanos e aos gentios, pois estes eram considerados impuros pela religião judia. Pedro teve que passar por um processo espiritual de restauração de sua mente religiosa para a mente de Cristo, assim como muitas igrejas precisam passar pelo mesmo processo também.
Como ocorrem os novos acolhimentos na terceira onda evangélica
O acolhimento da igreja de hoje é diferente da igreja primitiva, ou seja, do evangelho que nos serve como referência de fé, comunhão e de espiritualidade. A igreja primitiva não é mais uma referência de usos e costumes, porém, jamais deixará de ser uma referência de princípios, valores, moralidade e espiritualidade. De fato, há igrejas que são tão maduras na fé que conseguem ter o privilégio de saber receber bem as pessoas com senhorio na carreira de fé e, assim, são logo abençoadas pelos irmãos novos. Algumas famílias chegam para edificar o corpo de Cristo com as experiências espirituais que carregam em suas jornadas de fé. Essas famílias sacerdotais são enviadas pelo Espírito Santo para sarar as feridas da igreja, e isso quando não é interrompido pela manipulação religiosa e humana a igreja só tem a ganhar com a migração, mas as igrejas da terceira onda simplesmente ignoram o evangelho em benefício de suas vaidades religiosas. Em semelhança à primeira onda, na terceira onda os fiéis são inspirados a fazer militância de uma igreja só. Mas, as famílias sacerdotais não aceitam ser militantes de uma denominação, pois entendem muito bem que isso está fora do ensino de Yeshua e de seus apóstolos.
Por outro lado, existem aquelas igrejas infantis sobre o conceito do evangelho verdadeiro, e agem sem maturidade na fé, são ciumentas e preconceituosas em tudo e, que por isso não estão preparadas para receberem pessoas maduras na fé, não sabem lidar com isso porque não conseguem manipulá-las, quando deveria aproveitar o grau de senhoridade (maturidade) e vida no espírito dessas pessoas novatas no grupo, em vez de desqualificá-las no "modo hostilidade", perdendo as bênçãos da maturidade, da hospitalidade, do crescimento e da unidade de fé! A essa infantilidade, Paulo chamou de espírito faccioso, um pecado da igreja infantil, cujo enquadramento bíblico o apóstolo citou em Romanos 5:19. Igrejas assim até se acham santas demais, mas na verdade praticam o pecado do orgulho religioso e da acepção de pessoas e do espírito faccioso, fazendo acepção de pessoas, muitas vezes até por ignorância bíblica mesmo, mas na grande maioria das vezes, por mera arrogância religiosa ao se achar superiores aos demais irmãos que estão chegando na igreja!
Existe uma música dos anos 90, do cantor João Alexandre, que faz uma excelente exortação à igreja daquela época e que acaba por fazer sentido também para este tempo em que escrevo esse artigo, cujo título é "Falso Véu", ouça-a para entender melhor esse texto e sobretudo o contexto da igreja brasileira. Ultimamente, houve um lançamento de uma música chamada “Evangelho dos Fariseus”, que muitas igrejas de todas essas três ondas citadas não simpatizaram com a mensagem forte do evangelho contida na música. Seria por causa de seus orgulhos religiosos?
Conclusão
Neste estudo vimos que nos últimos 50 anos a igreja brasileira passou por diversas mudanças teológicas em sua história.
No passado recente, lá pelos anos 80, havia igrejas mais tradicionais e conservadoras em seus modelos de vida e sobretudo de cultos, aonde o modelo pastoral era o único ministério praticado numa igreja local, o modelo básico americano de pastor e ovelhas.
Contudo, na década de 90, o modelo pastoral romano, porém, foi esfriando e os velhos sermões e modelos teológicos recheados de fortes tabus não garantiram a retenção da nova geração, a qual passou a formar e a migrar para um segundo modelo de fé e liturgia, a primeira onda teológica da igreja contemporânea no Brasil. Os jovens foram se desligando do modelo tradicional, deixando a congregação de seus pais, sem abrir a mão do evangelho. Alguns jovens se formaram e fundaram as suas novas igrejas diferentes do modelo de seus pais. A ruptura, ainda que saudável, foi inevitável. No modelo pastoral antigo ficaram os cristãos mais senis e naturalmente resistentes à mudança, isso faz parte da natureza humana. O modelo único de pastor e ovelha estava sendo deixado.
Essas mudanças tiveram início a partir de uma onda cristã considerada aqui de onda apostólica ou modelo apostólico que teve seu auge entre os anos 90 e 2015, aproximadamente, onde apesar de ser uma regra doutrinária no evangelho (Efésios 4), infelizmente essas figuras eclesiásticas passaram a ser consideradas altamente idolatradas, irrecusáveis e intocáveis. Era o "evangelho da tietagem", em direção ilusória, rumo à Hollywwod, quando no evangelho bíblico, a direção é a Nova Jerusalém. O modelo apostólico evangélico, mas ainda romano, viria logo a fracassar também. Isso porque não existe estrelismos, nem tietagens, nem militância denominacional no evangelho e também não existe um ministério de edificação espiritual isolado na igreja como um pastor e suas ovelhas ou um apóstolo e sua igreja, etc. O que existe é a unção do próprio Deus para os Cinco Ministérios para a edificação do corpo de Cristo na terra que são apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. Nenhum deve ser a estrela do show. Na verdade, os cinco dons devem ser os menores postos da igreja, quando "compreenderem" que devem "servir" à igreja em vez de serem servidos por ela. A derrocada desta onda era inevitável. O foco no líder não é essencial para o evangelho. A metodologia de coach, além de poder ser vista como algo secundário para a vida cristã, está fora dos ministérios espirituais. O coach prepara para o aqui e agora e logo depois some com o vento. Mas, o evangelho diz para focarmos nas coisas de efeito eterno, nas coisas do alto e naquelas que são eternas. Na verdade, nem os líderes de hoje, nem os fiéis ainda compreenderam bem o evangelho. O chamado universal da igreja, porém, é apostólico, não no sentido hierárquico papal, mas no sentido de serviço e missão principal da igreja de Cristo na terra.
Naquela primeira onda a liturgia também sofria as suas mudanças, adotando menor rigor aos ritos, sobretudo nas artes musicais, dentre elas o abandono do cantor cristão e do órgão e piano, sendo inseridas outras ferramentas como a guitarra e a bateria e os ritmos brasileiros, algo absolutamente impensável na veia conservadora evangélica radical dos anos 80 até os dias de hoje. Algumas outras artes também foram introduzidas nessa segunda onda. A igreja introduziu as danças hebraicas e até os hip hops, street dances e outros conceitos de artes consideradas estratégicas para a evangelização de jovens e adolescentes. Esse modelo, porém, não se sustentou por muito tempo dado os erros doutrinários que surgiram com o empoderamento do líder e com a introdução de heresias relacionadas ao holywoodianismo, a alta confiança nas metodologias artísticas, ao homocentrismo, ao judaizismo, ao exagero na pregação obsessiva do dízimo e ofertas, doutrinações abusivamente particulares e gananciosas, consideradas como a teologia da prosperidade financeira e luxuosa, algo reprovada claramente por Jesus nos escritos sobre o evangelho verdadeiro. Isso motivou o desigrejamento de diversas famílias de jovens cristãos dessa onda, e, isso veio a ocorrer exatamente no período de pandemia a qual viveu o Brasil e o mundo.
Surgiu, porém, uma segunda onda de reforma evangélica, a igreja alternativa, formada por jovens líderes recentemente chegados da adolescência, altamente tecnológicos e biblicamente escolados, e alguns, porém, vindos do submundo das drogas, alcoolismo etc. Essa geração apresentaria ao Brasil a "doutrina da paternidade" em Deus e a abolição de templos e alguns ritos antigos da escola romana-protestante de séculos anteriores. Por isso foram considerados liberais e hereges pela bolha religiosa. Esta geração chegou a partir de um modelo disruptivo e destoante de todos os demais modelos anteriores, e suas doutrinas apelavam fortemente para as músicas e para os movimentos proféticos (representações espirituais) e escatológicos (atos vindouros). Esse modelo trazia consigo a representação dos Cinco Ministérios, revelados em Efésios 4, e isso desconstruiria os velhos modelos pastorais e nostálgicos, além do modelo apostólico absolutos, tradicionais, além de confrontar também os mais inovadores das tendências culturais evangélicas, gerando uma guerra teológica e religiosa por causa dos choques teológicos de gerações e por causa do orgulho religioso e das vaidades humanas no seio da igreja moderna, uma guerra evangélica santa. Cada um levantando a sua "grife" nas redes sociais. Afinal, para muitos, conforme 2Tim 3, a presunção é marcante nessas teologias. É preciso ser visto. Mas, no evangelho, só é necessário servir e amar.
Servir a uma marca é um inocente treinamento cerebral para aceitar uma marca mais perigosa ainda que é a marca profética da besta para se orgulhar futuramente. Esse é o grande perigo de confundir a igreja de Cristo com a militância da grife de qualquer igreja, levantando as suas bandeiras denominacionais obsessivamente orgulhoso e vaidoso em seus grandes grupos e pequenos grupos caseiros. A excessiva militância para vender a marca de uma bandeira denominacional evangélica entra diretamente em conflito com o evangelho. Isso nada tem a ver com o evangelho, mas com a vaidade religiosa simplesmente soberba e enganosa. Contudo, dessa guerra santa evangélica podemos tirar as nossas lições: a mensagem do evangelho nunca foi liturgia, teologia, métodos, música, eventos, microfones, dízimos, templo, altar, nem grife, nem liderança. O evangelho não se movimenta por nostalgia religiosa, nem por tendências culturais. O evangelho se movimenta pela fé nas profecias.
A mensagem do evangelho também nunca foi sobre o dízimo, nem sobre o tempo ou altar e ritos religiosos, mas sempre foi sobre arrepender-se, andar pela fé, amar, perdoar e servir, e sem a mínima necessidade das luzes dos holofotes e dos microfones, pequenos objetos que representam um grande motivo de disputa nas igrejas. O Evangelho Bíblico não tem um lugar, nem um padrão único de serviço, nem um único método ou estratégia. Jesus provou que o Evangelho tem um único propósito, Jesus e os apóstolos eram andarilhos cumpridores da missão dada pelo Pai. Eles romperam com o sistema religioso que se sentiu ameaçado por eles, o sinédrio judaico e cumpriram cabalmente a missão ensinada por Yeshua.
O Evangelho é o maior avivamento que já ocorreu na terra! Ainda que haja guerra, encontre paz no Evangelho. Que a verdade do evangelho alcance o seu coração, pois todos os homens são pecadores.
Que o orgulho religioso seja abandonado de sua vida em Cristo de uma vez por todas para que você volte a ter profundas experiências com o amor perfeito, humilde e generoso de nosso Pai.
Que no meio dessas guerras tolas e vaidosas encontremos paz com Cristo e com os nossos irmãos assim também, assim como o consolo do Espírito Santo, até que Cristo Venha!
Graça e paz!
A Escola do Reino
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