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A santa guerra teológica, o choque das gerações - Parte 1

Atualizado: 3 de jan.



As ondas disruptivas na história contemporânea da igreja brasileira - A 1a. onda


Por falar em guerras teológicas, iremos fazer um breve histórico sobre a vida da igreja no Brasil nos últimos 50 anos de movimento. Eu tive até aqui o rico privilégio de atravessar várias transformações na história contemporânea da igreja evangélica brasileira ao menos durante quatro gerações de teólogos. E isso eu devo eterna gratidão ao Pai porque eu posso chegar aqui e contar um pouco do que vi, participei e agora estou escrevendo para você um curioso estudo da palavra de Deus e posso dizer que a história da igreja não terminou em Atos 29, ela continua conosco e você faz parte disso também!


Nos últimos anos eu tenho estudado e acompanhado as ondas disruptivas ocorridas na história da igreja brasileira desde os anos 80, quando entrei no reino de Deus aos doze anos de idade numa igreja de corrente teológica batista.

Eu tive a alegria e o privilégio de poder ter experimentado os avivamentos ocorridos desde lá, passando em todos os departamentos da igreja cristã convencional, sobretudo na arte da música, louvor, ensino, evangelismo, liderança, pastoreio, oração, plantação de igrejas e aconselhamento, onde que pude ver o derramamento do Espírito Santo acontecer em nossas igrejas tradicionais.

Participei ativamente da revolução musical na igreja e até recebi a hilária voz de prisão dentro de uma igreja por isso. Era um tempo que os religiosos censuravam a produção própria, proibiam os mais jovens de cantarem novas músicas, era proibido fechar os olhos ao cantar e, por fim era proibido bater palmas ou levantar as mãos nos cultos e celebrações, o que não obedecíamos, mas via as senhorinhas se alegrando e chorando em cada culto por causa da ação voluntária do Espírito Santo. Essa era a década de 80. Era impossível a manipulação religiosa conter a ação do Espírito Santo naquele tempo!

Naquele tempo o maior problema da igreja brasileira era o estilo de oração, sobretudo os gestos corporais, o estilo musical e os instrumentos musicais, estes modos de expressão eram rejeitados na igreja tradicional daquele tempo e sofriam elevado preconceito, sobretudo os instrumentos musicais como a guitarra e bateria. Esses instrumentos eram expressamente proibidos dentro e fora da igreja. A explicação para isso tudo era apenas uma, o preconceito e o desconhecimento bíblico e cultural das nações.

Permita-me contar um rápido testemunho sobre isso


Eu lembro que nesse período, eu passei por dois episódios extremos em duas igrejas de cultos tradicionais. No primeiro caso, eu participava de uma igreja de bairro de periferia de onde eu vim, onde eu cresci e entrei na igreja aos doze anos. Logo ganhei uma flauta e passei a tocar e a cantar em alguns cultos. Isso durou uns quatro anos, até que um dia, enquanto eu estava cantando, um dos seminaristas levantou-se no meio do salão, acenou e gritou em alta voz para os controladores de som que desligassem o meu microfone imediatamente! Correu até a plataforma onde eu cantava e me tomou o microfone, passando a protestar contundentemente em contrariedade à música que eu entoava. Era uma música muito simples de um grupo musical muito conhecido da época chamado de Grupo Logos e o título da música era “Expressão de Louvor”, um grande clássico, conhecido e cantado até hoje em muitas igrejas tradicionais menos radicais como era aquela em que eu vivia. Eu passei uma das maiores vergonhas da minha vida. Eu tinha apenas 16 anos de idade e de muitos sonhos na área musical pela frente. O sistema religioso da minha igreja na época, a partir dali resolveu criar uma comissão de censura que impedia as expressões livres de louvor e adoração, limitando-se ao cantor cristão e algumas outras músicas repetitivas chamadas de corinhos, os quais eram exaustivamente analisados por eles, antes de um jovem pedir para cantar uma música na igreja. Isso acontecia por causa de um pecado coletivo da liderança do grupo religioso, pecado esse chamado de orgulho, orgulho religioso.


Com essa frustração e tristeza eu resolvi sair da igreja e não fui para nenhuma outra igreja. Porém, enquanto eu pensava em casa, as ofertas do outro mundo, o mundo espiritual, se movia em minha direção primeiramente no modo negativo, depois no modo positivo. Assim, não demorou muito para que algumas bandas me descobrissem em casa para me fazer convites para ensaios musicais em estúdios e até em clubes de carnaval etc. Eles ofereciam transporte gratuito e dinheiro vivo para eu ensaiar com eles. Na escola de samba do bairro eu exercia a função de professor de percussão da ala mais importante do bloco que desceria a avenida. Como eu tinha apenas 16 anos, e ainda não tinha atividade econômica e profissional, então, aquilo para mim era apenas uma fonte de renda, porém, seu estava enganado, pois eles não viam assim, mas estavam me preparando para descer a avenida com eles, na liderança do bloco de baterias. Eu não cheguei a aceitar o convite por causa do Espírito Santo que repousava em mim, então eu frustrei os amigos carnavalescos do bairro, mas foi necessário para que o Espírito Santo me tirasse daquele mundo em que passei seis meses afastado da igreja do bairro para me conduzir a um lugar central da cidade, onde eu iria reiniciar a minha vida ministerial, porém não mais como cantor ou flautista, mais como um líder de louvor daquele nova igreja bem no centro da cidade e no meio de uma revolução de louvor que acontecia em todo o Brasil.  Essa parte eu passarei a contar mais na frente. Eu tive que abrir esse parêntese para que algumas pessoas que se identificaram com esse testemunho de fé e de fraqueza da fé, a frustração, possam ler isso, e talvez ser ajudado com esse testemunho, a fim de que vejam que as frustrações com o sistema religioso implacável não é o fim da nossa vida de fé, mas às vezes o começo de uma nova jornada de fé em nossa vida como filhos vocacionados.


A igreja no Brasil estava se libertando da cultura musical norte americana em seus cultos para tocar os ritmos e sons de sua própria identidade musical, apesar de que o evangelho nem se preocupa com essa parte musical, o evangelho não prioriza, nunca priorizou. Porém, diferente da igreja primitiva, a igreja de hoje propriamente exagera na valorização musical a ponto de majorá-la acima do verdadeiro objetivo, conceito, sentido e prioridade do evangelho, que é ir aos povos em vez de se trancar dentro de um templo como monges em transes religiosos.

Pois bem, desejo chegar nas ondas teológicas disruptivas, as quais eu participei. Elas são importantes para entendermos os movimentos religiosos diversos ocorridos dentro das igrejas evangélicas desde os anos 80, do século XX até hoje, anos 2024, do século XXI, que é o objetivo exclusivo deste capítulo. De lá para cá, ao menos três ondas disruptivas das tradições religiosas mais antigas foram observadas: a primeira transacionou do modelo exclusivamente pastoral para a modelo apostólico. A segunda onda preferiu não usar somente os dois primeiros títulos de liderança, e apresentaram para a igreja outros três dons de serviço, que juntos formam os cinco ministérios, o profético, apostólico, evangelista, pastoral e de ensino, todos baseados em Efésios 4. Já, a terceira onda é a atual, enquanto esse artigo era escrito e trata da volta ao tradicionalismo judaico e romano sobre templos e altares, além de fetiches às grifes e marcas religiosas acima do próprio evangelho.


A primeira onda disruptiva contemporânea (1980 a 19999)


Nos últimos 50 anos da história da igreja brasileira, vimos o rápido e crescente surgimento do movimento neopentecostal. Nesse movimento houve quebra de tabus denominacionais e do forte conservadorismo cristão. Não existia ainda a palavra "evangélico", nem "gospel", nem outros jargões conhecidos e ultravalorizados do novo vocabulário do mundo evangélico como "líder", "honra", "primícias"; "cobertura espiritual", "adoração"; "pagar preço", "bênção", "conquista", "vitória", dentre outros jargões religiosos etc. Estava chegando a década de 90, na história da igreja no Brasil. Nesse movimento houve quebra de tabus denominacionais e do conservadorismo cristão dominantemente expressado pelo ressurgimento do movimento apostólico no Brasil. Não existia ainda a palavra "apóstolo" ou "evangélico", nem "gospel", nem outros jargões conhecidos. No passado a igreja se resumia em pastor e ovelhas, e no máximo algumas abraçavam missionários e eram ligadas apenas as suas convenções, até que a primeira onda de transformação religiosa chegou. Havia muita preocupação com usos e costumes como o estilo de roupa e o estilo de linguagem mais voltados para o puritanismo e a tradição cultural da religião e à sua nostalgia clássica. Uma mulher vestir calça jeans ou pintar os cabelos eram escandalosos. Cantar com uma linguagem mais popular era algo que causava elevada indignação ao público religioso. Mas, esses tabus forem sendo quebrados na segunda onda disruptiva.


Foi uma onda aonde os grupos, sobretudo os de jovens, passaram a sair da suposta frieza das denominações tradicionais e a se reunirem em salas de cinemas alugadas em grandes centros urbanos ou em galpões de periferia, porém sem culpa, ou seja, trabalhando mesmo com falhas humanas sobre o processo de avivamento espiritual que o Espírito Santo estava fazendo no Brasil. Surgiram nomes diferentes para as mais variadas igrejas independentes, emergentes e insurgentes que se abriam aos montes em cada esquina das cidades brasileiras. As propostas de avivamento das novas igrejas davam nomes a elas, deixando bem claro que não existia mais a predominância de representações de "denominações" e sim de "substantivos" comuns e independentes que eram colocados nas faixas dos prédios e, em algumas dessas novas igrejas, todas com a característica do neopentecostalismos. Era isso que estava acontecendo. Um movimento mediano entre as igrejas históricas e as igrejas pentecostalismo. Um fato curioso é que se passou a adotar nessas faixas da frente dos prédios, saber-se lá por quê, as fotos, os nomes e os títulos dos novos líderes daquelas comunidades, uma jogada de marketing do ministério, talvez por meras vaidades e quanto a isso é necessário arrependimento por parte desses ramos. Certamente que essa vaidade não veio dos ensinos dos apóstolos da Bíblia, afinal ninguém é mais importante do que Jesus!

Além da diversidade de ritmos musicais, nesse tempo nascia também a arte da dança nos cultos também. O cantor cristão foi abandonado nesses lugares. Essa foi a primeira onda do desligamento cultural vigente e religiosamente disruptivo. Novas teologias nasceram disso. A tradição anterior já não mais caberia e, por isso, dessa primeira onda surgiram novas teologias e mudanças de vocabulário cristão evangélico. Estava acontecendo um avivamento espiritual no Brasil e para esse grupo não havia dúvidas sobre o que o Espírito Santo estava fazendo dentro da igreja brasileira. Isso foi considerado avivamento pelo grupo dissidente. Esse movimento passou a se autodenominar de apóstolo a qualquer líder que abrisse uma porta de uma loja para chamar de “ministério”. O grupo passou a adotar como líder principal o título de apóstolo e não mais o título de pastor unicamente.


Nesse tempo, os cristãos brasileiros passariam a ouvir acerca do envolvimento de Israel no movimento profético e assim despertaria a curiosidade sobre a importância dos judeus no reino de Deus e o raso abandono do antissemitismo cristão evangélico. Ressalvados os exageros, quando alguns cristãos passariam a se "judaizar", isso traria algo novo para a edificação e conhecimento à igreja brasileira. Aqui, também seria remodelado os cultos nas casas, os antigos grupos familiares, o que havia sido praticado por algumas poucas igrejas tradicionais num tempo anterior. Os grupos familiares chegaram na igreja brasileira, oriundos do que vinha sendo ensinado na igreja coreana, liderada pelo profeta Paul Young Sho dos anos 80, sendo o seu livro mais conhecido aquele muito lido e chamado de “A Quarta Dimensão”. Essa doutrina de grupos em casa, de grupos familiares logo passou a ser considerada células que aceleraria a dinâmica explosiva do crescimento numérico do novo movimento evangélico numa igreja local e mais tarde regional, estadual, nacional e até internacional, submetida à igreja colombiana, por exemplo.


Os encontros com Deus


Nesse tempo surgiu um acampamento muito popular nesse movimento chamado de “Encontro com Deus”, onde a proposta inicial era rever-se espiritualmente e preparar-se para uma nova forma de ser igreja. Era chegada a hora de aprender a tornar-se mais líder para liderar pequenos grupos de estudos. Acontecia também o “Encontro de Levitas”. Eu tive o privilégio de ir a um dos primeiros desses encontros no mundo. Eles eram densos, pois traziam em seus pacotes um combo de reuniões auxiliares como o pré-encontro, o encontro, o pós-encontro e o encontro de revisão. Depois de certo tempo as igrejas já não mais sabiam o que fazer com essa inovação e como toda onda cultural ou religiosa tem o seu tempo de validade, logo isso se enfraqueceu e hoje já não é mais adotado pelas igrejas. Depois que eu passei a estudar a Bíblia fora dessa bolha, devido à minha forte doutrinação teológica desde à adolescência, então percebi que para o exercício do evangelho estava confirmado que não era mais necessário levitas, nem sacerdotes, nem altar, nem templos, e que Jesus reprovou a ganância claramente dita por ele mesmo em Mateus 6:19-21, exatamente como está na Bíblia, mas nesse tempo por causa da grande lavagem cerebral que se faziam nesses encontros, sobretudo quando  uma teologia abusiva não encontrada no evangelho chamada de “cobertura espiritual” e outra heresia chamada de “teologia da prosperidade” a minha voz era ignorada, então, me afastei do movimento e mais na frente irei contar um rápido testemunho sobre isso. Se é abusivo ou se é contrário aquilo que Jesus disse, não siga em frente, o perigo está no ar, independentemente do que a maioria pensar! Fuja das heresias e corra de volta para o evangelho!

Pois bem, ainda sobre isso, ocorreu o surgimento de grupos semanais  de células (pequenos grupos para semear a doutrina primária de uma denominação evangélica) em vários bairros da cidade, estava surgindo simultaneamente a "Doutrina do Governo dos 12" para funcionar como uma governança do novo sistema, a fim de organizá-lo e controlá-lo, o que enfatizava a hierarquia absoluta em relação às demais igrejas que se associasse a uma igreja mãe com o viés da hierarquização religiosa, altamente rigorosa e controladora. Porém, foi exatamente esse o maior erro dessa forma inovadora de tentar conduzir da fé evangélica do povo no Brasil na década de 90, e isso voltarei a falar mais na frente, pois eu estive lá, nesse marco zero, ajudando a plantar o método doutrinário que inicialmente me parecia empolgante e alinhado. Antes me permita contar mais um testemunho de fé pelo qual eu experimentei nessa época.


Um breve testemunho pessoal.


Me permitam deixar nesse artigo mais um breve testemunho desse tempo da igreja, pois não costumo escrevê-los, mas talvez isso venha a ajudar muita gente que tiver acesso a essa obra missionária aqui, através desta escrita. Eu me lembro que um dia antes de evento do movimento de células importante na cidade em que  eu morava no norte do Amazonas, na bela Manaus, eu estava saindo da faculdade às 22:00h, diante de um céu radiantemente estrelado e enquanto eu saia do campus absolutamente cansado, mas ainda teria que ir para o ensaio geral do evento, eu murmurava em oração enquanto eu manobrava o meu humilde carro naquela estradinha escura e longa do campus universitário, enquanto eu dirigia em direção ao local de ensaio.

O evento era liderado pela maior igreja em número de pessoas no Brasil e era apoiado pelo apóstolo Cesar Castelhano, líder da maior igreja da América Latina na época e com o qual eu tive uma experiência pessoal e privilegiada diretamente com esse pastor. No primeiro dia do evento, enquanto eu tocava a minha flauta na plataforma de um local específico para uma programação de grande porte, este homem, antes de começar a pregar, resolveu me chamar em particular para orar por mim e passou a revelar e a profetizar de acordo com a unção do Espírito Santo no meio daquele público. Para mim, esse caso em especial e em particular, foi algo isolado, mas que me marcou profundamente e ministerialmente.


Na minha oração de murmuração, a caminho do ensaio, eu me lembro que eu colocava a cara para fora da janela do carro, olhava para o céu estrelado e brilhante e reclamava para Deus que não era justo estar tão cansado àquela hora da noite e ainda ir para um ensaio que iria iniciar meia noite e duraria até 4h da manhã. Além disso, como um jovem músico, mas que durante dez anos eu nunca conhecia sequer uma palavra de gratidão de algum irmão ou líder pelo esforço do trabalho realizado. Aliás, nós músicos daquele tempo só recebíamos uma palavra de depreciação: “só desejam se exibir”, era tudo o que falavam de nós. Isso não era justo. Além disso, nenhum centavo entrava no meu bolso. Alguns de nós nem tinha o valor do transporte coletivo para ir à igreja ajudar na ministração do culto etc. Na minha oração de peito aberto, eu dizia em dor: “Que ministério é esse oh Pai, ministério da humilhação e da desonra, é isso mesmo? Ora, todos zombam da gente e nos desacreditam instantaneamente, mas isso não preconceito ou acepção de pessoas?” Eu orei com franqueza, mas não sei se hoje, um pouco mais amadurecido, eu teria essa coragem de agir sem humildade com o meu Pai generoso.

Pois bem, fui para o ensaio assim mesmo, mas venci a tal angústia no peito. No carro, apenas Deus e eu sabíamos dessa oração. Mas, no dia seguinte, então esse apóstolo colombiano que estava no Brasil pela primeira vez, e que jamais havia me visto na vida, logo me chama a atenção particularmente depois do tempo de louvor e no meio de uma multidão de cerca de sete mil pessoas presentes e outras milhares que assistiam a programação pela TV, e passa a falar para mim o seguinte em voz lenta, alta e com imposição de mãos, dizendo em língua espanhola assim: “Filho, ontem mesmo Ele ouviu a tua oração! Descansa Nele, pois Ele colheu as tuas lágrimas e eis que a tua oração subiu até Ele. É para Ele que você louva. Ele tem visto cada pingo de seu suor em seu ministério e o seu salário não é esta terra que vai pagar, o seu soldo está no céu de onde você irá receber em breve das mãos Dele. Então, filho, te digo de novo: descansa Nele”.

Aquilo foi inconfundivelmente sobrenatural. Foi eternamente marcante para mim, jamais vou esquecer disso, e sei que esse testemunho irá fortalecer a vida de muitos outros missionários vocacionados de qualquer outra área ministerial que não somente a música, o louvor e adoração.


A ascensão e a queda Doutrina G12


Essa doutrina do G12, veio da Colômbia e foi inserida no Brasil pela igreja colombiana e chegou aqui nos anos 90, seria abraçada por uma grande parte da igreja desta onda apostólica, mas que duraria pouco, uma vez que decorreram dali muitas divisões e dissidências geradas pelos conflitos doutrinários ocorridos nesse movimento, enfraquecendo-o. Veremos isso no decorrer deste capítulo, ou seja, a segunda onda disruptiva.

Além da diversidade de ritmos musicais, nesse tempo nascia também a arte da dança nos cultos, e que deu uma nova performance de expressão no culto de uma igreja, pois nesse movimento não era proibido se manifestar através do movimento corporal para acompanhar um ritmo musical. Em movimentos mais pentecostais surgiam as mais diversas formas de campanhas de oração e para tudo o que se pudesse imaginar. Os cultos deixaram de ser apenas aos domingos e quartas e passaram a ser diários, e isso seria mais um tabu a ser derrubado.

O movimento apostólico também deu ênfase às doutrinas do dízimo e do ministério da liderança, essas ênfases, porém, isoladamente, sobretudo a questão da liderança, um dom que esse movimento empoderou a ponto de gerar heresias como a doutrina da autoridade ou cobertura espiritual, viriam a trazer grandes problemas para a igreja, o que daria origem a uma nova onda doutrinária que chegaria em seguida, as black churchs. Movidos pelo descontentamento com as heresias estabelecidas na igreja de movimento apostólico através dos exageros e corrupção relacionados à ganância, à vaidade e ao absolutismo do dom de liderança. A ênfase dada ao ensino humano em vez do ensino cristão acabou transformar a visão celular numa onda de “coachs profissionais”, em vez de pastores espirituais, ensinando somente aquilo que o evangelho não deu ênfase, uma vez que o dom da liderança é apenas um dos diversos dons que a igreja possui.


Os erros da teologia da visão celular que levaram à decadência do modelo:


1.       O assédio espiritual:


A acepção de pessoas que não tinham o dom de exercer a liderança foi o erro fatal desse movimento de células. Esse erro ou desvio teológico sobre os aspectos fundamentais do evangelho provocou o ligeiro abandono e evasão de pessoas desse movimento de primeira onda. Surgiria então, uma segunda onda espiritual na igreja do século 21. As pessoas que não tinham recebido ou ativado o dom da liderança, e que não conseguiam servir ao sistema que mantinha a estrutura predial e financeira dessas igrejas, eram chamados pejorativamente de “infrutíferos” ou de crentes meramente religiosos, em outras palavras, ocorria abertamente o “assédio espiritual” nesses ambientes. Quando eu via isso acontecendo e eu estava lá dentro disso da forma mais mergulhada possível, pois eu exercia liderança de áreas da música, louvor e adoração em mega igrejas celulares, inclusive como um músico dessas igrejas, tive o imenso privilégio de acompanhar pastores famosos e de tocar e ministrar em vários lugares do país com cantores famosos do universo gospel brasileiro.

Porém, chegou o tempo do Espírito Santo me lembrar e me convencer que apesar de todo o glamour que havia dentro dessa bolha, chegou a hora de eu questionar o estrelismo na vida da liderança e as vaidades e heresias nas doutrinas. Algo não conferia diretamente com o evangelho em geral, as pregações não estavam mais alinhadas com as cartas de Paulo, sobretudo quando a doutrina da hierarquia era considerada acima de tudo e, assim, as pessoas estavam sendo doutrinadas a servirem aos seus líderes de forma que eles não compreendiam mais o evangelho, mas apenas serviam “coercitivamente” aos desejos egoístas de seus líderes dentro da igreja e contundente ameaçados em caso de cognitiva desobediência à doutrina humanista e bem distante do evangelho. Nessa onda de heresia, todos aqueles que resolvessem questionar o sistema religioso que iludia a mente da igreja daquele tempo nos anos 90 até hoje em algumas igrejas que insistem nessa teologia, eram e são defenestrados e cancelados pelo sistema de farisaísmo que desde aquele tempo foi instalado dentro do Corpo de Cristo.


Convencido pelo Espírito Santo, eu resolvi romper com o farisaísmo e aceitei viver cancelado por esse sistema. Foi muito difícil renunciar a tanta estrutura política e religiosa que se movia e se montava em função do nosso estrelismo, os líderes e os músicos. Mas, o mundo gospel e a bolha religiosa no Brasil já não cabia mais dentro do meu coração. Para mim, particularmente, essa foi uma das melhores decisões da minha vida, e para o universo evangélico eu fui e continuo sendo considerado um rebelde, herege ou desigrejado, alguém esquisito. Porém, ao olhar para o evangelho, eu via que os apóstolos e Jesus também foram considerados esquisitos pelos escribas e fariseus do sinédrio judaico de seu tempo. A isso, contudo, o evangelho chama de discernimento espiritual. E é exatamente isso que me mantém vivo e a andar com paz e alegria no coração para cumprir a minha missão nessa terra. De lá pra cá, o Pai me conduziu a viver sem estrutura material e logística e markenting para o serviço no reino. Então, aprendi a compreender melhor o que Jesus e seus apóstolos faziam sem estruturas políticas dando cobertura política na missão deles. Foi nesse mesmo tempo, exatamente sem estrutura religiosa para apoiar e sem recurso financeiro algum que o Pai colocou em minhas pequenas mãos a Missão Escola do Reino, a qual atua até os dias de hoje, discipulando, ensinando e pregando o evangelho em várias nações através de todos os meios e canais digitais e/ou físicos possíveis e disponíveis. Hoje a Missão EDR forma discípulos e novos líderes jovens no Brasil, na Angola e em El Salvador com o máximo de cuidado para não cair nas mesmas armadilhas que as igrejas daquele tempo caíram e algumas continuam lá, ainda confirmadamente mergulhadas naquelas doutrinas humanas sem Jesus no centro das coisas. Espero que esse rápido testemunho de fé ajude a despertar do dom do discernimento espiritual na vida de muitos leitores e ouvintes de leitores deste livro.


2.       Absolutismo religioso


Esse modelo da primeira onda foi baseado praticamente em apenas dois pilares ministeriais: apóstolos, apóstolas, pastores e pastoras, considerando-os irrefutáveis, praticamente deuses vaidosos e cheios de luxos afirmados em suas pregações enganosas. Utilizando-se de jargões religiosos como armas de defesa e ao mesmo tempo de ameaças e disseminação do medo, era quase que proibido questionar uma palavra ou pregação das lideranças das igrejas deste movimento celular.  Esse comportamento espelhado no mundo corporativo, ou seja, fora dos padrões bíblicos foi o principal erro da segunda onda dos últimos cinquenta anos de história da igreja brasileira. Assim, os jovens decidiram migrar para a "segunda onda" de reforma da igreja evangélica brasileira, que veremos na próxima parte deste artigo.


Até a próxima!

A Escola do Reino

 
 
 

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